sexta-feira, 27 de abril de 2012

OPORTUNIDADE


O Senhor tem desenterrado ministérios por meio da Teologia Inclusiva.
 
Muitos de nós – homoafetivos - enquanto estávamos em nossas antigas igrejas tradicionais, as não inclusivas, possuíamos ministérios crescentes, atuantes e que davam excelentes frutos dentro da obra do nosso Senhor. Éramos elogiados, apontados como cristãos exemplos de líderes, muitos buscavam em nós conselhos e apoio em momentos de dificuldades para orar juntos e pagávamos um preço por uma vida aflita. Mas, algo dentro de nós clamava para ser livre, para ser reconhecido. Entretanto, isso que queria ser livre, ser reconhecido, também viria a ser – aos olhos dos nossos pastores, dos nossos líderes e irmãos das igrejas tradicionais - a ruína dos nossos ministérios nessas igrejas.

Entretanto, ao contrário de alguns de nós que nessas igrejas possuíamos estes ministérios dando excelentes frutos, havia também irmãos e irmãs homoafetivos que, por não crerem ser dignos de atuarem na casa do Senhor, acabavam ficando “no banco” por conta própria. E ali, no banco, dia a dia, os talentos que pulsavam dentro de cada um deles iria sufocando-se por medo da retaliação e rejeição que sofreriam, caso alguém soubesse da sua realidade sobre sua constituição homossexual. Isolando-se, muitos desses irmãos e irmãs estavam morrendo pouco a pouco, distanciando-se mais e mais do propósito de Deus sobre suas vidas, do seu chamado para atuar na casa do Senhor. E assim, infelizmente, chegava o dia em que muitos saíam do Caminho desviando-se da casa de Deus ou pior, muitos por opressões, suicidam-se.

Sempre chega o momento da verdade, aquele dia em que nada pode ser mais escondido, pois tudo encontra-se no controle de Deus. E amados, o Senhor não encontra-se na mentira e citamos ainda, Deus não opera ou concorda com a omissão. Então, de alguma forma a nossa verdadeira constituição homossexual é apresentada às pessoas dessas igrejas tradicionais nas quais erámos considerados modelos de cristãos. E a partir dessa apresentação, de excelentes líderes passamos a ser “o irmão/a irmã que encontra-se influenciado por demônios”, das “rasgações de seda” acerca dos nossos trabalhos o que passa a acontecer são os dedos apontados de acusações. Um ministério lindo, atuante, com uma história ungida por causa da disponibilidade de estar no centro da vontade do Senhor torna-se um ministério infrutífero de um ser humano incompreendido, humilhado, sem gosto pela vida e, o pior, um ser humano que se desvia do Caminho. Afundando-se no oceano de acusações (às vezes de suas próprias acusações), dos seus temores de ser indigno de ser um servo ao Senhor e se perde no mundo onde “o príncipe desse século” bate palmas juntamente com os seus seguidores dizendo: “Conseguimos, mais um não irá se levantar. Nunca mais.”


Mas, Deus é fiel. Nós – particularmente nunca iremos parar de dizer isso – o nosso “Deus é fiel”. Como acreditamos que tudo encontra-se no Seu controle, precisamos de fato observar que tudo tem um “por quê”, um “para quê” e arriscamos citar um “ainda não é a hora”. O nosso Deus nunca falhou em Suas promessas ao seu povo desde a antiguidade até os dias atuais, todas as Suas palavras de bênçãos foram cumpridas, claro que tudo dentro do Seu tempo por justamente conhecer os corações dos homens e mulheres. Quando lemos uma passagem – acerca do tempo - que é muito conhecida para acalentar os corações de muitos de nós em momentos de aflição dos “por quês” e dos “para quês”, cremos que o Espírito Santo precisa ter o Seu espaço reservado em nós, para que possa produzir a calma necessária do saber esperar nEle: “Tudo tem seu tempo próprio, e há momento adequado para todo o propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3.1

Lembramos que na primeira vez que ouvimos falar das “igrejas inclusivas” é óbvio que ficamos reticentes, desconfiados em poder dar um voto de confiança em um templo, onde nós, homossexuais, poderíamos sem máscaras levantar os braços e dizer ao nosso Senhor: “Eis-me aqui Senhor, faz em mim o Teu querer!”. O foco do texto que você lê não é falar sobre a Teologia Inclusiva, mas, sim, apresentar que por meio dessa verdade  que muitos de nós encontra-se tendo a “oportunidade” de retomar aquilo que outrora fora enterrado de forma tão traumática: o ministério do Senhor em nossas vidas! “Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que plantou;” quando lemos esse 2º versículo em Eclesiastes 3 podemos mais uma vez ver o quão nosso Deus é soberano e sábio. Então, ficamos sabendo da Teologia inclusiva e caso você queria conhecer e entendar mais sobre a Teologia Inclusiva, indicamos o site do pastor Alexandre Feitosa clicando aqui.

Hoje, só no Brasil, possuímos mais de 7 ministérios inclusivos atuando. Glórias a Deus por essa graça, pois por meio dessas igrejas muitos ministérios estão sendo desenterrados, estão sendo levantados, lavados pelo sangue do cordeiro e retomando os propósitos de Deus em suas vidas. Aleluia! O que antes era uma vergonha torna-se mais uma vez uma alegria: vozes caladas voltam a entoar cânticos de louvor e adoração; vozes caladas voltam a pregar poderosamente a palavra de Deus; vozes caladas voltam a desenvolver peças de teatros e danças para apresentar uma adoração por meio da arte ao nosso Deus; vozes caladas voltam a serem atuantes nas atividades burocráticas e administrativas das igrejas; vozes caladas voltam às ruas para evangelizar e dizer a outros que “meu irmão, você pode adorar a Deus sendo quem você é: um homossexual!”; vozes caladas voltam com muita autoridade a interceder em nome de Jesus; vozes caladas por causa do preconceito voltam a serem ungidas pela misericórdia e pelo propósito de Deus que nunca falha.

Homens e mulheres escolhidos por Deus tem tido os seus ministérios renovados, restaurados e em alguns casos sendo retomados pouco a pouco para a glória do nosso Senhor. Aleluia! Não vamos aqui puxar a sardinha para nomes já reconhecidos, pois o foco também não é esse para o texto. O foco é levar a cada um de nós uma pergunta que precisa ser respondida com clareza no coração e entendimento do que o nosso Deus quer conosco quando nos atrai para Ele: “O que você está fazendo com a oportunidade que lhe foi dada?”. E aqui referimo-nos acerca do ministério que o Senhor colocou em nossas mãos para atuarmos em Seu nome, pois tudo é para Ele e por Ele. Sempre! A nossa motivação para desenvolver esse texto originou-se ao ouvirmos dois louvores de uma irmã em Cristo Jesus da nossa igreja amiga, a Cidade de Refúgio. A irmã em questão é a talentosa Mariana Maná. Lembramos que certa vez ela nos procurou e apresentando questionamentos de como poderia conversar com uma prima que com muitas dúvidas não conseguia entender como ela, Mariana, encontrando-se em uma vida homossexual, poderia ter a presença do Espírito Santo?! A prima alegava que não entendia, pois via o brilho do Espírito Santo nos olhos da nossa irmã Mariana. Cremos que o fato é simples: esse brilho podia ser visto pois a Mariana encontra-se em busca de estar sempre no centro da vontade de Deus e não é por causa da sua constituição homossexual que ela será indigna de ser uma adoradora.

Para ouvir os louvores citados da nossa irmã Mariana Maná clique nos links a seguir: louvor “Sempre Será” ( clique aqui); louvor “Momentos” (clique aqui);

Então, percebemos como o nosso Deus é lindo pois Ele nunca irá deixar que suas palavras sobre as nossas vidas não sejam cumpridas. Claro que muitos de nós precisamos tomar a posição adequada, ou seja, estar no centro da Sua vontade sobre as nossas vidas. E para muitos de nós, estar no centro da Sua vontade, não é algo tão fácil até porque conceitos, posturas, crenças e afins sobre quem somos quando não O temos em nós faz com que fiquemos distantes do centro da Sua vontade. Mas, não iremos enveredar sobre essas questões. Hoje não. Mas, queremos mais uma vez registrar a pergunta que pode ser uma afronta para muitos de nós: “O que você está fazendo com a oportunidade que lhe foi dada?”. Mais uma vez vem à nossa mente outra passagem que indica que todos nós recebemos alguma oportunidade, entretanto, o que nos diferencia é justamente o que fazemos com o que o Senhor tem colocado em nossas mãos quando Ele retoma a Sua obra em nossas vidas: Uma vez mais observei que debaixo do sol: A recompensa não é dos ligeiros, nem a batalha é dos fortes, nem tampouco o pão é para os sábios, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor; mas a oportunidade ocorre a todos.” Eclesiastes 9.11

“O que você está fazendo com a oportunidade que lhe foi dada?”

Oremos – em nome de Jesus - para que todos nós possamos buscar o centro da vontade de Deus para as nossas vidas. Oremos – em nome de Jesus -  para que homens e mulheres de Deus, com compromisso pela obra sejam levantados. Oremos – em nome de Jesus -  para que mais homoafetivos sejam tocados pelo Espírito Santo de Deus e convencidos dos seus verdadeiros vícios e sejam libertos. Oremos – em nome de Jesus -  para que novas igrejas sejam levantadas em todas as regiões do nosso país para que mais homoafetivos possam encontrar um templo e retomar os seus ministérios. E tudo para a honra e glória do nosso Deus. Aleluia!

Desejamos que a graça, a paz, o amor incondicional e incorruptível do nosso Senhor Jesus estejam com todos nós. Sempre!

JC

“Nenhuma palavra falhou de todas as boas coisas que o Senhor prometera à casa de Israel; tudo se cumpriu.” Josué 21.45

segunda-feira, 16 de abril de 2012

DESEQUILIBRIO - PARTE 2 DE 2


O equilibrio para um cristão que busca viver o melhor de Deus em sua vida,
 encontra-se na soma das forças que há na racionalidade com a espiritualidade.

ATENÇÃO: caso você não tenha lido a 1ª parte desse texto, indicamos que a leia clicando aqui.

SUGESTÃO DE RESGATE

Fundador da Igreja Presbiteriana Cristo Nosso Rei e produtor de uma das mais vendidas traduções da Bíblia intitulada The Message – A Mensagem, o pastor Eugene H. Peterson leva-nos em uma viagem de resgate da teologia espiritual em sua obra por nome Espiritualidade Subversiva. Nas 325 páginas do livro o pastor apresenta-nos que a espiritualidade encontra-se sendo resgatada, recuperada em sua essência maior: na atenção que dispensamos a Deus para que sejamos transformados; Citando um belo trecho do capítulo 01, segue: “[...] Nenhum de nós fornece o conteúdo para a nossa própria espiritualidade; recebemos esse conteúdo; é Jesus quem o dá; [...] A espiritualidade corre sempre o risco de autoabsorção, de se tornar tão fascinada com as questões da alma que Deus passa a ser tratado como mero acessório da minha experiência. Precisamos ser vigilantes. A teologia espiritual é, entre outras coisas, o exercício dessa vigilância. A teologia espiritual é a disciplina e a arte de nos treinar para uma participação plena e madura na história de Jesus, mas nos impedir ao mesmo tempo de assumirmos o comando da história.”

Na sua obra o pastor Eugene de maneira muito polida crítica a racionalidade quando essa marginaliza, subestima e trata com suspeita a teologia da espiritualidade. O evangelho de Marcos é o seu livro central para desenvolver a verdadeira espiritualidade cristã apresentando-nos uma deliciosa e inteligente narrativa acerca da forma, composição, tônica e da própria teologia espiritual encontrada nesse evangelho. Na sua – e em nossa particular opinião – linda forma de escrever e nos guiar nas reflexões mais profundas sobre como devemos buscar, resgatar, viver e compartilhar a verdadeira espiritualidade indicada pelo nosso mestre Jesus. Cremos que essa obra nesse tempo de aumento da “frieza espiritual” em muitos de nós, chega justamente, para ajudar-nos nesse resgate que nos fará um bem maior.

O livro é divido em 5 partes intituladas assim: 1) Espiritualidade; 2) Estudos Bíblicos; 3) Poesia; 4) Leituras Pastorais e 5) Conversas. Por meio da sua forma bem filosófica e levando-nos a profundas meditações de como estamos encarando a espiritualidade em nossa geração, como ela encontra-se sendo esquecida (a verdadeira espiritualidade apresentada e ensinada por Jesus) e deturpada pelos falsos profetas (ministros de autoajuda) e pela agressiva e intolerante racionalidade de alguns “mestres” de homens, o pastor Eugene, confronta-nos com as nossas falhas em relação a espiritualidade. Como dizemos anteriormente, ele utiliza-se inicialmente com o evangelho de Marcos e terminamos essa parte do nosso texto citando um trecho de sua conclusão sobre a sua meditação, segue: “A história de Marcos, lembre-se, é uma história sobre Jesus, não sobre nós. [...] Marcos escolheu apresentar Jesus como a revelação de Deus, um relato pleno da obra de salvação de Jesus. O que acontece aqui é que somos convidados a nos tornar participantes plenos da história de Jesus e descobrimos como nos tornar esses participantes. Não apenas ‘somos informados’ de que Jesus é o filho de Deus; não apenas ‘nos tornamos’ beneficiários de sua expiação; somos convidados para morrer sua morte e viver sua vida com liberdade e a dignidade de participantes. E aqui está algo maravilhoso: entramos no centro da história sem nos tornarmos o centro da história.”

O EQUILIBRIO

Iremos usar de forma bem clara uma frase que já ouvimos muitas vezes e provavelmente você, caro leitor: “Nem 8 e nem 80. Precisa-se de um equilíbrio.” Queremos iniciar a finalização dessa reflexão apresentando que “O Equilíbrio” faz-se necessário nesta nossa geração tão cheia de novidades, estilos e “modelos” cristãos. E porque não citar cheia de “falsos profetas”, não é mesmo?! Mas, esse equilíbrio inicia-se quando, como, por onde? A racionalidade que começa ou a espiritualidade que começa?

Quando lemos em João 6.44a: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não atrair;” percebemos claramente que muitos de nós achegaram-se a Jesus por meio de uma “chamada”, uma “atração espiritual” realizada pelo próprio Pai, o nosso Deus. Então, percebemos que tudo inicia-se por “algo” espiritual, ou seja, o Senhor toca-nos de alguma forma que nos atraia à Sua presença, à Suas promessas e à Sua obra em nossas vidas. Lendo a oração de Paulo ao povo de Éfesos, na carta paulina em Efésio 3.14-21, notamos a necessidade do equilíbrio entre o espiritual e o racional, segue: “Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.”

Deixamos claro que não preferimos a espiritualidade mais que a racionalidade ou vice versa. Queremos é levar muitos à meditação da importância de uma associada à outra, sem ações extremistas e aniquiladoras também uma à outra. A racionalidade é apresentada – às vezes - com outras palavras nas Escrituras Sagradas, mas associada com a espiritualidade, segue: “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo”, 2Pedro 3.18a. Veja que nessa passagem a orientação é associando uma à outra, ou seja, a espiritualidade somando forças com a racionalidade. Uma sem a outra nunca irá trazer ao cristão uma base sólida e coerente do que o Senhor quer para cada um dos seus “atraídos”. Muitos possuem uma “chamada” bem restrita com o nosso Deus e por essa razão a necessidade de aprofundar-se na espiritualidade com racionalidade, trazendo assim a beleza de se viver o verdadeiro evangelho.

Citamos ainda que cremos nos dons do Espirito Santo (referimo-nos especialmente ao caso da missionarinha Alane citada na 1ª parte desse texto). Até porque é uma das promessas do Senhor que seríamos cheios do Seu Espírito Santo, que poderíamos fazer até maiores milagres dos que Ele próprio realizara. Entretanto, em muitos milagres realizados por Jesus, o mover maior era ocorrido da pessoa que recebia o milagre, ou seja, o crer vinha da força da sua fé! E a fé um dos dons dados pelo Espírito (1Coríntios 12.9). De forma alguma queremos julgar o que acontece na igreja que a missionarinha Alane faz parte, mas, sim, citamos a sua história justamente por vermos que existe o mover do Senhor naquela igreja. O julgamento será feito pelo nosso Senhor e acerca das nossas obras individuais. E desejamos que pessoas cheias de fé estejam recebendo os seus milagres, em nome de Jesus! Em nome de Jesus!

Então, o equilíbrio entre racionalidade e a espiritualidade é algo que deve ser buscado constantemente para que ninguém possa ser – pelo inimigo de nossa alma – usado para denegrir a obra do Senhor. Antes de qualquer leitura de livros que venham agragar conhecimento, devemos ler a Palavra maior, a Bíblia, de forma constante e diária. Ela, a Bíblia, deve ser a nossa primeira leitura do dia, como também a última, sempre pedindo que o Espírito Santo ministre em nossas vidas o querer do Pai, do Deus Vivo. Iremos orar mais do que nunca para que todos possam – em nome de Jesus – buscar e atingir o seu equilíbrio.

Desejamos que a graça, a paz, o amor incondicional e incorruptível do nosso Senhor Jesus estejam com todos nós. Sempre!

Em Cristo Jesus,

JC

"Temos porém, este tesouro em vasos de barro, para que a perfeição do poder seja de Deus, e não de nós." 2Coríntios 4.7

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Desequilibrio - Parte 1 de 2

Muitos não podem querer enxergar, mas o desequilibrio entre a
racionalidade e a espiritualidade é grande a cada geração.
PONTO DE PARTIDA

Um conjunto de situações e assuntos chegou até a minha pessoa no último mês e que me fizeram – e muito – meditar no conteúdo e na produção desse texto. Sou criticado por possuir textos longos demais - e levo essas críticas de forma bastante construtiva. Creio que esse aqui não receberá dos críticos uma classificação diferente, pois não posso ser tão breve – ou raso demais - em um assunto que possui uma complexidade que varou séculos (e não será nesse simples artigo de um blog que irá esgotar a sua discussão) e que até hoje gera desconforto em alguns meios cristãos e não-cristãos. A racionalidade versus a espiritualidade. E por essa razão o texto será dividido em duas partes.

Em um canal da tevê paga iniciou-se no mês passado uma série chamada TABU BRASIL, sendo o seu foco o de apresentar assuntos polêmicos com suas várias visões e entendimentos por parte de determinados grupos de estudiosos e das pessoas inseridas no polêmico assunto. Já em um livro de apenas 50 páginas de um pastor paulistano que nos apresenta uma forte crítica acerca da perda da intelectualidade cristã (falta da racionalidade), que nas palavras do pastor/autor, ele descreve de forma bastante racional e bíblica que “[...] a superficialidade é um mal de nossa época”, acarretando no campo racional a fraqueza no quesito doutrina cristã nas igrejas evangélicas e em contrapartida ele questiona também a forte onda da “espiritualidade emocional” que, também nas palavras dele, “[...] só promovem o culto das experiências emocionais”. Outro livro, esse sendo bem maior em número de páginas, um pastor americano – teólogo e referência na visão cristã contemporânea e produtor de uma versão da Bíblia chamada ‘A Mensagem’ – leva-nos por meio de uma coletânea de materiais produzidos ao longo de vinte e cinco anos sobre a teologia espiritual como artigos, estudos, entrevistas e leituras que leva-nos ao resgate – em boa hora em sua opinião – da indispensável teologia espiritual como fonte de renovação de uma vida cristã despertando em nós leitores “[... ] a paixão pela transformação do mundo”.

A CATARSE COLETIVA

No TABU BRASIL, série apresentada no canal da tevê paga National Geographic Chanel, que em seu primeiro episódio apresenta-nos crianças que vivem uma infância incomum para suas idades. Uma menina de apenas 05 anos que vive no mundo fashion das missis mirins, crianças ciganas que são predestinadas a casamentos desde cedo sem conhecer o seu parceiro, e a última que será o foco nesse texto. Seu nome é Alana, mais conhecida na região de São Gonzalo, Rio do de Janeiro, como a “missionarinha” uma menina de apenas 06 anos de idade que dizem ter poderes sobrenaturais de cura e que os usa nos culto da Igreja Pentecostal dos Milagres, na qual o seu pai é o pastor e o seu tio o fundador.

Essa criança citada com poderes sobrenaturais atende por dia, em média, mais de 250 pessoas que a procuram por um milagre. Infelizmente, na reportagem a ênfase é dada diretamente na menina e não – para aqueles que acreditam – no Espírito Santo de Deus que atua por meio dela. A narração refere-se ao público de forma muito crítica sinalizando-os como pessoas que vivenciam as suas catarses pessoais e coletivas, ou seja, uma explosão frívola e dramática de suas emoções contidas e, assim, deixando uma questão de dúvida acerca da veracidade do poder da “missionarinha” Alane. A criança possui até uma página na internet em que a promessa é clara no home: “Ela toca e o milagre acontece!”. Pelo seu toque, seu sopro nas pessoas ou durante as suas orações nos cultos, a “missionarinha” promove os ditos milagres que sustentam o nome da igreja.

O “dom da cura” – o qual os pais alegam que sua filha possui e os incrédulos não acreditam - que foi dado por Deus para a Alane começou a ser desenvolvido desde os 03 anos de idade. Já nessa tenra idade a “missionarinha” já empunha as mãos nos enfermos e esses eram curados para a alegria dos fiéis e assim dando surgimento as mais variadas acusações de charlatanismo contra os pais dela. A sua mãe, a Sandra, era estéril e essa já alega que a sua gravidez já foi um milagre. O site de Alane possui mais de 2 milhões de acessos sendo os três países que mais visitam estes: Brasil, EUA e a China, sendo esse último a saber um dos países que mais perseguem os cristãos e chegam até a matar os que se convertem aos cristianismo. Os que acreditam, percebem aqui o “mover de Deus” para os chineses que buscam a fé em Jesus.

Em maio de 2011 o SBT em seu programa, o Conexão Reporter com o Roberto Cabrini, apresentou uma reportagem sobre Alane. Clique aqui para assistir e avalie-o tirando suas próprias conclusões.

A CRISE INTELECTUAL

O pastor Sandro R. Baggio em sua obra intitulada “Intelectualidade Cristã em Crise – A síndrome da ignorância”, discorre num discurso – que não é tão novo, mas, sim, em uma nova roupagem - de alerta acerca da crise doutrinária que vem sofrendo há anos as igrejas evangélicas. Sendo os seus nove capítulos intitulados nesta sequência: (1) a síndrome da ignorância, (2) a letra mata... mas a ignorância também, (3) o culto das experiências emocionais, (4) rebaixando o cristianismo, (5) os perigos do antiintelectualismo, (6) uma nova espiritualidade, (7) a nobreza da intelectualidade, (8) o testemunho eficaz, e, finalizando com (9) cristianismo raso.

Os capítulos não são longos e possuem uma produção escrita bem acessível, tornando o livro bem fácil de ser lido, compreendido e de termina-lo em uma única abertura de página, algo que facilmente pode ser feito, pois possuí como já citamos acima, só 50 páginas. Essa pequena obra, entretanto, grande em conteúdo intelectual e crítico, cativou-nos de forma tremenda até porque de fato muitos de nós já viveram (alguns ainda vivem), já leu ou ouviu acerca da crise doutrinária e nas demais áreas das igrejas evangélicas, no empobrecimento (por não ter um preparo adequado e profundo) do pregar a Palavra, nos louvores absurdos que estão sendo entoados sem profundidade de conteúdo ou mesmo espiritual, tornando-se tão somente – como já são apelidados – mantras cristãos (!), e, nas palavras do pastor/autor do livro que vamos reproduzir este breve trecho acerca das “ministrações”: “ A forte ênfase na unção, na “ministração”, muitas das vezes carregada de emocionalismo [...] O ponto alto do culto não é mais a exposição clara e objetiva da Palavra [...] O clímax em determinados cultos são as “ministrações” [...] para muitos o mais importante não é a Palavra, mas sim na experiência emocional por meio da ministração [...] ficando a Palavra em segundo plano sendo que essa é que é a verdadeira e que penetra no mais íntimo do coração do homem [...]”.

Vejam que o livro “dá um soco” no estômago de muitos (e nós o sentimos também!) levando por meio de uma exposição clara e objetiva a crise que ocorre em algumas igrejas evangélicas que estão tornando-se pobres intelectualmente e enganando-se achando que estão aprofundando-se espiritualmente. Mas, pelo contrário, estão mesmo é na superfície do emocionalismo barato e que distanciam as pessoas da verdadeira espiritualidade vinda de Deus. É importante citar que o autor não é contra a espiritualidade. Ele é contra a “fantasia” e o “encanto” que estão tornando-se os cultos por falta de estudos adequados, na propagação de que não é necessário haver razão ao meio da emoção. Indicamos esse livro para que você possa avaliar-se e quem sabe até apresentá-lo aos seus líderes. Ore antes de entregá-lo, pois vai que a sua igreja esteja vivenciando essa crise.

Continua na próxima postagem "Equilibrio - Parte 2 de 2"

Em Cristo Jesus,

JC